segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Já que todo mundo nessa época do ano está relembrando a infância eu também resolvi entrar nessa. Até os sei lá.. 7 anos minha vida foi sussa, mas graças ao talento maternal nato da minha mãe eu tenho alguns traumas que duram até hoje. Aqui estão os 2 piores, em ordem aleatória:

Trama numero 1

Eu sempre gostei de moedas. Curtia o barulho, o brilho e como sempre parecia que você tinha muito dinheiro. Todos os familiares e entes queridos sabiam disso e viviam me dando o troco da padaria ou qualquer moedinha que sobrava. Mais que isso, eu tinha uma coleção de moedas velhas. Um belo dia minha mãe sumiu com todas as moedas, é todas aquelas que eu passava dias contando fortuna. Mamãe jurou ter se confundido com as moedas e prometeu refazer minha coleção.
Estou esperando até hoje.Sabe o que é pior? Na época eu acreditei. Eu, do fundo do meu coração, acreditei que minha mãe - que me via contar as moedas não sabia que as moedas muito queridas e era minha coleção linda. Crueldade pura e simples.


Trauma numero 2

Um trauma que eu carrego até hoje é o de quebrar/perder coisas. Eu sempre sofri com uma certa falta de jeito generalizada e minha mãe carinhosamente me chamava de DESTRUIDORA. Não tenho nem palavras para descrever como é gostoso quebrar sua boneca favorita acidentalmente e ouvir "também, DESTRUIDORA do jeito que é". Enfim.
Um dia a gente estava no circo e eu queria um daquele palhaços que ficavam dentro de um cone e quando você puxava uma vareta ele saía com os bracinhos para fora. Ela disse que não porque eu era DESTRUIDORA e ia quebrar o palhacinho antes de chegar em casa. Eu disse que não, que ia amar o palhacinho para o resto da vida e que nunca deixaria nada de ruim acontecer com ele e coisa e tal. Mamãe, toda trabalhada na psicologia infantil, disse que tudo bem mas com uma condição: se eu quebrasse o palhaço nunca mais ganharia presente nenhum. Eu aceitei. E por aí você vê como eu queria esse palhaço, visto que arrisquei todos os presentes do resto da vida por ele. Beleza. O tempo passou e eu realmente não deixei nada de ruim acontecer com meu amado palhacinho. Quando não estava brincando com ele guardava numa caixa de sapatos embaixo da cama e sempre dava uma conferida nele antes de dormir para ver se estava tudo bem.
Eis que um dia eu abri a caixa e o palhacinho TINHA SUMIDO. Fiquei desesperada e quase liguei até no 190 para perguntar se alguém tinha visto meu palhaço. Quando contei o ocorrido eu levei um puta esporro, fui chamada de DESTRUIDORA. Ganhei outros presentes, óbvio. Mas anos depois descobri que foi MINHA PRÓPRIA MÃE que sumiu com o palhaço. Ele já estava todo sujo então ela jogou fora. E não me contou. E me chamou de DESTRUIDORA por um lance que ELA fez.
Ruindade no coração: a gente se vê por aqui.
Até hoje ouço um DESTRUIDORA ecoando quando quebro ou perco alguma coisa.

Nisso tem outros que não cabe mais escrever aqui. E é isso ae, pessoal. Feliz fim de ano pra vocês e acreditem na amnésia dos seus filhos ou eles correm o risco de acabar como eu.
Abraços.

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