terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Sou filha única de pai e mãe iguais e meio que a única mulher que sobrou por aqui. Fui educada por meu pai sempre com muito cuidado e com carinho, mas com uma certa rigorosidade saudável. Hoje vejo que foi saudável pois sei a diferença que fez a educação que meu pai me deu, mas já sofri muito com palavras duras, coisas de pai.
Tenho dois primos muito diferentes um do outro. O mais velho já foi meu melhor amigo. O tempo passou, mudei, ele mudou.

O fato é que "lá em casa" todos somos muito independentes, fomos educados assim. Cada um por sí, mas sem jamais se esquecer de principios básicos; a família é a base de tudo e quando a 'coisa aperta', são as únicas pessoas que vão nos amar independente de tudo e todos, estejamos certos ou errados. Eu os amo muito e nunca tive uma oportunidade ideal para demonstrar o tamanho desse amor a eles. O dia-a-dia nos consome e acabamos deixando passar oportunidades bobas, gestos de amor incondicional para aqueles que, verdadeiramente, nos são importantes. Acho que todos nós somos assim, muito ou pouco, escondemos amor de quem mais precisa. Essa educação formadora de filhos independentes que meu pai me deu é uma das grandes responsáveis por fazer com que eu seja o que eu sou, quem sou e como sou. Essa criação com meus primos também ajudou muito. Sei o que é Atari, Mega Drive, Super Nintendo, Futebol de botão, Alien's Playhouse, Ice Mc, Lego, Bon Jovi... tudo por influência deles. E aprendi a não ser fresca, não ser egoísta, não ser mais uma filhinha mimada insuportável.
Sim, eu sou mimada. Mas sou mimada no seguinte aspecto: gosto de carinho e faço charminho pra ganhar atenção. Não sou dessas mimadas que fazem questão de camisetinha Lacoste, caviar e champagne. Será que dá pra entender metafóricamente assim? Espero que sim.
A minha 'mimadez' me faz querer as coisas e lutar por elas. Se um namorado não age da maneira como eu gosto, eu falo, eu peço, eu mostro o caminho pra que seja daquele jeito ou - no minimo - semelhante. Respeito as limitações de cada um, óbvio, desde que não me prejudiquem. Sou uma mimada que exige carinho sem machucar, apenas me sinto no direito, pois quando amo dou o meu melhor.
Minha independência e desprendimento com uma dose de coragem são os combustiveis vitais que me mantém "longe" de casa. Desprendimento porque não é fácil ver meu pai e sua familia viajando e tirando fotografias que ficarão guardadas pra sempre, e você não estar lá pra ficar pra sempre sorrindo nas fotografias. Isso já me doeu muito. E a coragem é por enfrentar o desconhecido, os riscos.
Portanto...Por eu nunca ter sido fresca, enjoada e verdadeiramente mimada, as pessoas tendem a me sobrecarregar e agir de uma forma que eu, na maioria das vezes, não gosto. Tá. É legal ser desencanadinha, moderninha, independentezinha... mas pô, eu sou mulher! Sim! Eu escolhi sair de casa, escolhi isso pra mim, eu sou muito feliz com tudo que me é dado, mesmo! Portanto quando eu chego em casa, quando estou entre amigos, irmãos, namorado, eu quero ser a mulherzinha, quero sentir minha fragilidade e aceita-la. Quero não ter que carregar coisas pesadas e nem o peso que vêm implícito dentro delas. O peso da solidão que muitas dessas escolhas me traz. É dificil entender. Mas, hoje consigo ver que é uma solidão compensativa. Eu escolho, eu luto pelo que eu acredito, eu sonho. Apenas é de se entender que não ter pra quem dividir isso é ruim demais.
Adoro todas as caracteristicas masculinas - de independencia e força - que tenho. Mas sabe... "ser homem" muitas vezes me cansa. Hoje eu só precisava sentir minha fragilidade feminina. Hoje eu só precisava reconhecer que eu também preciso de atenção e cuidados. Hoje eu só precisava de alguém pra dividir comigo o peso da minha "mala" tão pesada.

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