sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

"A felicidade só é real quando compartilhada"


Vocês já assistiram o filme "Na natureza selvagem" ? Se não, deveriam assistir.

A minha teoria de que alimentar muita expectativa é o caminho mais curto para a frutração. Dentro do mesmo tema – é possível ser feliz sozinho? Admiro quem trata o isolamento do ser humano com muito mais poesia e beleza do que os outros.

Ainda assim, essa frase me marcou "A felicidade só é real quando compartilhada. Pense nos melhores momentos da sua vida: você estava sozinho ou acompanhado?

Pode não ser comum, mas há pessoas que simplesmente não têm vocação para constituir família, e nem por isso merecem a cadeira elétrica. Eles simplesmente preferem estar em movimento, não ter amarras, e essa liberdade cobra um preço que, se costuma ser alto para a maioria, para outros pode ser uma dívida fácil de quitar.

Eu bem que gosto de ficar sozinha. Já tive ótimos momentos comigo mesma dentro de um ônibus, em frente ao mar, lendo um livro. Mas reconheço que os momentos sublimes, aqueles eleitos como inesquecíveis, aconteceram quando eu estava acompanhada. Reconhecer isso não faz eu desprezar a solidão, mas me impede de adotá-la como estilo de vida permanente.

Sozinha eu posso ser mais livre, mas não sou desafiada. Compartilhar a vida com alguém exige participação: a gente é "obrigado" a se manifestar, a traduzir em gestos e palavras o que estamos sentindo, e isso engrandece o momento, cria vínculo, firma o que está sendo vivido, confere magia ao instante, credibiliza aquilo que está nos deixando emocionado.

Não precisa ser um momento repartido apenas com um grande amor: pode ser também com os pais, com um irmão, um amigo, até mesmo com desconhecidos. Quando se olha nos olhos dos outros e se compreende o que se está passando, a sintonia se dá, mesmo silenciosa. Existe uma secreta comunicação de olhar entre pessoas dão sentido ao que não há sentido algum.

Pode acontecer entre dois, e também pode acontecer entre muitos. Tipo um estádio de futebol lotado, com a galera gritando pelo mesmo time. Um show bom, todos cantando a mesma letra. Imagine se o show fosse exclusivo pra você: que graça teria?

Estando sozinhos, a sensação interna sobre o que está sendo vivido é quase melancólica, mesmo que não seja, que nos diga o Super Tramp...

Juntos, até o que não parece alegre, fica.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Orkuts...

AI MEU DEUS, APAGUEI TUDO OS RECADOS DO ORKUT.
Eu tenho orkut desde 2005. E desde então, sempre deixei todos os recados por lá. Até pouco tempo, nem bloqueados eram... depois acabei por bloquear, pra pelo menos "dificultar" quem quer que quisesse fuçar...
Na verdade, não apaguei antes porque do fundo do coração nunca na vida achei que minha vida fosse tão interessante a ponto de alguem realmente fuçar em 12 e mais uns quebrados mil de recados... Mas depois de ficarem na minha cabeça intensivamente, namorado, amigas "Apaga os recados do orkut" "Você já apagou os recados do orkut?" "Porque você num apaga os recados do orkut?" Tá, para felicidade geral da nação, apaguei.
E sabe que olhando taaanta coisa, me despertou uma certa nostalgia temperada com saudade e lembranças de tempos não muito remotos, porém muito distantes da realidade tranquila dos meus dias atuais.
E uma coisa é fato; as águas mansas sempre me caíram melhor, no entando minha "mansidão" foi roubada por algum tempo, sem que eu optasse. Mas foi dessa forma que descobrí que o mundo tráz possibilidades infinitas para se estancar uma ferida que sangra. As portas se abrem e eu exploro uma a uma, sem medo do que posso encontrar. Às vezes as arrombo na ânsia de viver tudo.
Já brinquei com sentimentos, não dei satisfações, me permití experimentar coisas que confrontam com meus valores e sorrí, cantei, dancei e amanhecí com os cabelos embaraçados e maquiagem velha borrada. Gargalhei quando falaram de amor, levantei algumas bandeiras e abafei no travesseiro soluços da minha solidão.
Tenho a meus pés toda a liberdade do mundo e amo isso tanto quanto odeio. Às vezes sei que só aqui posso ser tão intensa, por isso me jogo no mundo de peito aberto e quando caio me levanto rapidamente antes que alguém passe e me veja no chão. Descobrí em mim uma estrangeira que mora na minha alma e sei que só depende dela abandonar ou diminuir o peso da minha mala recheada de porquês e dores.
Eu só quero ser feliz mas para isso preciso andar por todas estradas para saber onde é que a felicidade mora. No entanto, lendo aquele monte de coisas lembrei novamente daquele tempo de loucuras, impulsividade, intensidade. Lembrei também de um tempo que nada me importava porque eu nada sentia.Virei todas aquelas páginas, mas tenho total consciência da intenção e do destino delas ao pensá-las e escrevê-las...
Viraram apenas fragmentos da minha própria história. Aquela que recomeço toda vez que abro os olhos e quando me lembro que pra ser adulta eu preciso, antes de mais nada, uma boa dose de decepção.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Vazio

A internet é uma ferramenta que possibilita uma infinidade de informações, opções e comunicações, é verdade. Podemos estar em qualquer lugar do mundo e a distância não consegue fazer com que sintamos saudade.
No entanto, acredito que a solidão é o mal do século e é também o que move a internet hoje – e sempre. Solidão é a única razão pela qual os Orkuts, Facebooks e Twitters se popularizam cada vez mais.
Queremos amigos, queremos mensagens fofas, queremos depoimentos que dizem pro resto do mundo o quanto somos lindos, bem-humorados, divertidos, autênticos e bem amados. Queremos mostrar fotos das viagens, queremos mostrar fotos com trinta amigos diferentes, queremos mostrar foto do namorado, queremos mostrar fotos da nova melhor amiga de infância que acabamos de conhecer, queremos que o mundo saiba que somos amados. Queremos admiração. Queremos falar, o tempo todo, que temos amigos, amor e dinheiro. Mostramos (ou, pelo menos, tentamos) pro mundo que somos a estampa ideal, quando, na maioria das vezes, a viagem foi financiada em mil vezes, os trinta amigos da foto só são amigos na hora da foto e não são pessoas que se importam de verdade no dia-a-dia. E os novos amores se vão a cada semana.

Queremos ter mil amigos no Orkut, mas não achamos companhia pra assistir um filme no cinema quarta-feira à noite. Queremos nos comunicar com todo mundo e “reativar” amizade com pessoas com as quais mal falávamos “oi” dois anos atrás. Damos bom-dia no Twitter (um negócio onde se fala sozinho) e não damos bom-dia pro vizinho. Adicionamos Deus e o mundo no MSN pra termos companhia e não perder o contato com aquela pessoa tão querida e amada com a qual trocaremos três frases ao longo do ano. Pessoas verdes online com as quais mantemos relações virtuais 24 horas por dia. Tudo fruto da nossa carência, tão ruim quanto essas relações virtuais infundadas e, em alguns casos, promiscuas.
Precisamos nos afirmar pro mundo e pra nós mesmos. Precisamos nos encaixar nos padrões atuais de pessoa bem-sucedida e amada pra sermos aceitos.
Mas o vazio está lá... Nas tardes de domingo. Nas noites de terça-feira. Nas compras cujo encantamento acaba assim que o produto chega à nossa casa...
Esperamos encontrar a felicidade no Macbook novo, na tv a cabo desbloqueada com todos os paper-views, no celular com mil funções que não toca, no apartamento com mobílias novas, nos anti-rugas, nos hidratantes perfumados, nos sapatos cor do verão, nos shampoos caros, nos tratamentos de pele.
Compramos pra ter companhia. Compramos pra preencher um vazio interno. O mesmo vazio que tentamos preencher com amigos virtuais, relacionamentos virtuais e mentiras virtuais. Tapamos o sol com a peneira. Tapamos nossos buracos com relacionamentos que não existem. Despistamos nossa carência aguardando um produto chegar. Nos tornamos tão superficiais quanto nossos relacionamentos virtuais.
E continuamos nos sentindo vazios...