domingo, 29 de junho de 2008

Eu quero MENOS!

Tá que eu fiz aniversário dia 25. Tá que fiz 20 anos. Beleza, que até esses dias eu tava querendo fazer 18 pra tirar carta. E agora? Eu quero menos. Menos idade. Menos cobrança. Menos preocupação. Menos parentes inconvenientes perguntando cade o namorado. Gente, como assim cade? Eu não to procurando. Procuram pra mim. Todo cara solteiro que aparece já logo pensam em me encaixar num esquema, só esquecem de perguntar se eu quero. Porque né... E quando eu falo, que não, eu não to atrás, to feliz assim. Olham com aquela cara de "Me engana que eu gosto". Eu só não preciso de um pinto pra ser feliz. Só isso. Voltando ao aniversário, sabe, eu nunca gostei muito de aniversários. Os meus. Assim como do Natal. É uma época que me deixa triste. E chata.
Eu nunca tive esse zelo absurdo por aniversários. O dia nunca reservou boas surpresas. A época em que eu me preocupava com isso também já foi.
Eu tenho um problema grave, eu sempre espero algo sobrenatural no dia do meu aniversário. Sempre. E, óbvio, nada acontece. Pra ser sincera, acho que todo mundo espera um pouco mais. Mesmo que seja involuntário, existe uma esperança mofada de que aconteça algo que mude sua existência para todo o sempre. Ainda bem que sonhos ainda são de graça. Porque né, se no dia da porra do meu aniversário eu não poder sonhar que dias melhores virão. Então pode parar o mundo que eu quero descer.
O Fato é que, meus vinte anos foram muito bem vividos. Sempre com meus amigos, incrivel, como os matenho até hoje. Sempre com alcool. Sempre com música. Sempre que vexames. Sempre com risadas. Eu aproveitei muito bem a minha vida até hoje, e tenho certeza de que aproveitarei muito mais meus vinte e poucos anos. Não volta, gente. É batido falar isso, mas não volta. Eu fui incrivelmente feliz. E tenho esperanças de que serei mais ainda. Dias melhores sempre virão.
E é nessas épocas que eu percebo todo meu egoismo. É ruim pensar que as coisas existem sem você. A Fatima Bernardes vai continuar dando boa noite, com ou sem você na frente da tv.
O ‘nunca mais’ é mais dolorido do que qualquer dúvida ou medo possa antecipar. Nunca mais. E não estou falando de nunca mais ver 1) uma flor desabrochando 2) uma criança sorrindo 3) uma gota de orvalho que escorre de não sei onde. Falo de nunca mais sentir alguma coisa te chacoalhar e te jogar contra um poste como quem diz: você não está no controle. Isso é viver. Essa fragilidade. Fatos são consequência, situações são consequência. A sua vida, de fato, acontece enquanto você supera a própria fragilidade que é existir.

Alguém aí diria: nasça todo dia novamente. E é difícil nascer todo dia. Preguiça. Tem o ônibus lotado pra pegar. E o trabalho. E o assaltante. E a fila do banco. E o batizado da filha da prima do vizinho.
Difícil saber se de fato amamos a vida se sequer sabemos viver direito. Difícil questionar algo que não foi alcançado ou escolhido, mas que nos foi simplesmente dado, aleatoriamente, e que é assim tão frágil que qualquer ônibus intermunicipal pode assim sem mais nem menos vir e despedaçar.

E de vez em quando surpreenda-se ao perceber, em alguma coisa bastante banal, que essa bagunça toda ainda vale a pena.
Parabéns pra mim, e que os anos de vida nunca me pesem mais do que a vida desses anos.

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