sexta-feira, 10 de julho de 2009

A infância perdida



As vezes tenho a impressão de ser meio ingênua. Acredito muito nos outros, ainda não consegui fixar a famosa frase do "acredite em metade do que se vê e em nada do que se escuta". Não sou bobinha, nem acredito mais nas propagandas da Polishop. Resultado: a gente cresce e com o tempo vai aprendendo a desacreditar em tudo que haviam nos ensinado.
Do mesmo jeito que o Papai Noel vira mentira, a gente desacredita na educação das pessoas, no bom senso e respeito. Gente que suja a rua, que desrespeita idosos, trabalhadores ou pessoas humildes. Gente que quer ser mais que o outro. Gente egoísta. Gente que quer o que o outro tem. Gente que não tem o menor conceito do que é respeito. Gente que não sabe ser gente! Basta assistir o Jornal Nacional, e talvez, quem sabe, entrar num processo de síndrome do pânico, no meio de tanta informação, que agride nossa sensibilidade. A gente leva tanta porrada, ou vê tanta coisa acontecendo, que passa a ter medo de conviver com as pessoas.
Todo dia a gente fica sabendo que o Rio de Janeiro continua lindo, mas está cada dia mais violento. É gente morrendo por causa de droga. Por causa de polícia. Por causa do tráfico. Por causa de nada. É assalto, é sequestro relâmpago, é estrupo, é tiroteiro. Aliás, além da banalidade que nos assola, a crueldade dos crimes vem aumentando dia após dias, e não adianta trazer a copa, as olímpiadas, não adianta fechar os olhos. é uma realidade. E não é só no Rio de Janeiro não, é em Belo Horizonte, em Santa Catarina, em São Paulo. Basta pegarmos estatísticas, assisirtimos tv ou mesmo conversarmos com as pessoas - todo mundo tem uma história trágica para contar.
No momento em que escrevo essas palavras a familia da menina de 13 anos, Letícia Coutinho Carvalhido, que cursava a 6ª série, devem estar sem chão. Mais uma vítima da violência. Quarta-feira (dia 08) ela, que no dia do seu aniverário saiu para comprar um bicho de pelúcia com a mãe, foi baleada depois que bandidos assaltaram uma agência e trocaram tiros com policiais.
E é assim, todo dia é assim. Basta ligar a tv, ou o rádio, ou digitar no google. Todo dia crianças morrem vítimas de balas perdidas, se não morrem, são feridas. Nossas vidas estão valendo cada dia menos e não sabemos aonde vamos parar. Precisa atirar entre gente inocente? Não basta levar tudo? É preciso ver sangue, dor, grito, medo? Matam pessoas como matam insetos - e não podemos nos acostumar com isso.
Exemplos não faltam, sem falarmos da Letícia, poderiamos citar a menina de 13 anos também, que morreu quando levava sua irmã para o colégio, o menino Lucas, de 9 que morava em Vitória - ES, Aline, de 11, em Santa Catarina. Ana Clara, de 9 anos, no Ceará. Isso, sem falar dos inumeros escandalos de pedofilia entre outras atrocidades que a gente assiste todos os dias.
Eu não sei mais o que pensar, até porque, no momento em que escrevo essas palavras e e a família da menina tenta se consolar, outras tantas pessoas (dentre elas, crianças) estão sendo vítimas de algum tipo de violência país afora, fazendo com que meu coração fique pequeninho - e menos brasileiro.

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