domingo, 10 de maio de 2009

De repente

As coisas na minha vida tem esse custume, de acontecerem assim... de repente.
De repente, eu virei a "mulher" da família, a única com juízo - pra vocês terem uma idéia de como foi feio a coisa - com 18 anos.. Meu mundo passou a ser totalmente minha mãe e irmã. E com elas os problemas dela. Chegava a não ter tempo para os meus. Nessa época, eu praticamente não tive referências femininas muito positivas. Eu sempre fui a minha própria referência. Então, como já disse aqui, as vezes penso que tenho o cérebro meio masculino, o que nunca me fez sentir entre iguais no salão de beleza.
Minha mãe teve problemas com depressão, assim meio que repentino, e tudo virou de cabeça pra baixo com aquela urgência que as doenças repentinas costumam ter, antes que pudsse compreender o que estava acontecendo eu já estava no controle da situação. Fiquei meio sem base no começo, mas logo eu desenvolvi uma ternura que me devolveu a gravidade e preenchi a casa com uma presença nova, um amor pela minha mãe e irmã que antes era discreto, contido, um amor que se sentia secudário na vida delas, que por tanto amava calado.
Sinto falta desse tempo as vezes, falta da voz delas, das brigas e de todas as implicancias desnecessárias, mas que faziam parte do meu mundo. Do meu mundo quando ele ainda era co-habitado por elas. Não sinto saudade da sensação de desamparo, sinto saudade do antes. Acho que tenho mais saudade de ter uma mãe presente do que saudade dela propriamente. Mãe é sempre um escudo. Engraçado eu lembrar disso agora, porque é uma sensação de orfandade. Mesmo que ela esteja viva. Porém a mais de 4.000km de distância. Não importa a idade que temos, há sempre um momento em que é preciso um adulto.
Lembro de ter sentido um misto de prazer e insegurança quando decidi morar sozinha. Até hoje, quando as meninas me pergutam algo que pensam que eu já passei, ou vem com questionamentos interessantes, vejo nas expressões delas que minha resposta será levada a sério demais. e isso me apavora, me faz sentir meio charlatona, porque... minhas certezas nem são assim tão sólidas. Por outro lado, adoro não estar no lugar delas.
Desde criança, minha maior vontade não era viajar pra Disney, ou morar num sítio, ou ser menina pra sempre: o pó de pirilimpimpim nunca foi meu sonho. Eu queria era crescer. Ser dona do meu nariz de uma vez por todas. Não ter hora pra dormir, não ter ninguém me dizendo "pode isso". "não pode aquilo". Não precisar pedir autorização pra nada, poder errar e acertar por conta própria. Isso sim deveria ser divertido, eu pensava. E não me enganei. Nada é mais encatador do que a independência. Muito mais encantador que a infância. As pessas sempre desejam voltar a ser criança de uma maneira nostágica e romântica, sentem falta da autencidade e inocência perdida. Mas, acredito que se elas a perderam foi por condicionamento, foi por acharem que depois de determinada idade toda a fantasia é capricho. E não é. Os pensamentos puros, a espontaneidade, a vibração, o deslumbramento, tudo isso mantenho e sinto hoje muito mais do que no passado. crescer não me emparedou, ao contrário, me abriu as portas de casa, o portão da garagem, ganhei a chave da rua e a tutela da minha existência. Vivo em busca contante, tento investigar tudo que me soa estranho, sigo atenta a cada emoção, não me acomodo nem me acostumo com coisa alguma.
Quem sabe não é por isso que eu estou "apaixonada" mais uma vez? Porque, se algo der errado, é só chamar um adulto.

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