quinta-feira, 18 de junho de 2009

palpite!

Eu sei que não sou um exemplo de bom comportamento nem tenho no currículo uma coleção de finais felizes. Eu sei que eu meto os pés pelas mãos na maioria das vezes. Eu sei que quando se trata de relacionamento, eu tenho ciúme, eu sou insegura, eu faço cena. Eu sei de tudo isso e, acredite, eu tento melhorar (apesar de não estar funcionando ainda!). Mas o que eu mais sei é que a gente só aprende dando cabeçada por aí.
Então por que é que as pessoas se acham capacitadas em dar palpites na vida das outras? Alguém me explica? Alguém me explica porque é que aquela amiga que nenhum homem suporta ela por mais de quinze dias pensa que sabe o que é melhor pro seu namoro? Ou por que aquela pessoa que já foi infiel nos seus relacionamentos quer te convencer de que existe fidelidade? Por que a gente sempre tem a fórmula mágica pra vida dos outros? Por que alguém sempre sabe nos dizer exatamente o que fazer, mas nunca faz nada direito? Faça o que eu digo, não faça o que eu faço? É isso?Você ta fazendo errado! Isso não ta certo! Não pode ser assim! Faça de tal jeito!
É só um hábito irritante que as pessoas – em especial as mulheres – têm. Ninguém ta pedindo conselho ou colocando a vida aberta para debate. A gente não está interessado em fazer como a melhor amiga faz só porque a experiência dela deu certo. Se fosse assim, a gente ouvia conselho de mãe, de vó, de tia velha e casava virgem, né?! Não. A gente faz o que a nossa cabeça manda e não o que as pessoas nos dizem. A gente quebra a cara. Sofre. Leva pé-na-bunda. Se decepciona com todo tipo de gente. Mas no final, a gente aprende alguma coisa que não aprenderia se tivesse feito tudo certo.Tudo certo demais me cansa. Muito Pollyanna pro meu gosto (aliás, que moral tem alguém cujo nome repete doze vezes a mesma letra e usa y no lugar da letra i pra parecer sofisticado?). Que graça tem alguém que machuca o dedo e não grita um palavrão? Que graça teria se a gente conseguisse tudo que quer? Se fizesse tudo conforme o manual. Se só abrisse o presente de Natal depois da meia-noite. Se tudo saísse conforme planejado. Se a gente não tivesse ciúme. Se a gente soubesse exatamente como fazer tudo. Ou se tivesse alguém pra nos dizer sempre como fazer. Não teria graça nenhuma. Não haveria inspiração pras duplas sertanejas, pros noticiários, pros blogueiros, pra Sônia Abrão ou pra Márcia Goldsmith. Não haveria dor ou poesia. Os dias chuvosos não fariam o menor sentido. O mundo não teria graça se tudo fosse perfeito e se todo mundo tivesse a resposta pro problema alheio antes mesmo do alheio ensaiar querer um conselho. Por isso, detesto que alguém dê palpite na minha vida. Deixe que eu caminhe com minhas próprias pernas curtas dando meus passos pequenos. Um de cada vez. Deixe que eu caia, levante e comece de novo se precisar. Mas, por favor, me deixe fazer sozinha. Do meu jeito errado. Se eu vou me machucar mais do que aprender alguma lição, deixe que eu descubra no final.

Um comentário:

Anônimo disse...
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